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ENTROPY AND TRANSFORMATION II
curatorial project by
Rui Soares Costa
exhibition II (external link)
Simão Costa (external link)
Climbing down from the Death Zone - Or the epiphany walk: Where do we go from here? Part II
We cannot solve our problems with the same thinking we used when we created them.
Albert Einstein
Our cognitive system is not prepared to process large numbers. We can make sense of units, tens, hundreds maybe thousands. But the way we process and represent large numbers is significantly different from the way we deal with small numbers. For example, it’s much easier to picture the difference between 2 and 5 than between 112 and 115. We can probably visualize a stadium with 60 000 people, but that doesn’t mean we can make sense of it. What about a million, a billion, or a trillion? Research has shown that in estimating large numbers people are quite accurate determining the relative sizes of numbers like 2 and 800 millions, while estimating 980 million and 2 billion as almost identical. But if 1 million seconds is nearly 12 days, 1 billion seconds is almost 32 years.
Studies on numerical cognition show that we are in fact pretty bad processing large numbers. Recently, neuroscience research has started to pave the way to understand the limitations the brain dealing with large numbers. People can intuitively grasp quantities up to three or four, more than that they need to count. Intuitive understanding is replaced by abstract concepts the higher the numbers get. Quantities like millions or billions are processed more as categories, rather than actual numbers. Our brain is wired to compare, not to count.
Epiphany: For a new paradigm beyond the paradox of tangibility
The bigger, the more complex a problem is, the less tangible it gets. Loosing tangibility makes us less prepared to address a problem. We lose intuitive tools as a problem gains abstractness, complexity and layers.
Can we look at the Anthropocene and the consequences of humans in the global systems of our planet as one of these problems? An hyperobject beyond the abilities of our intuitive tools? Beyond our ability to understand? Is this why we keep running away, shying away from looking it in the eye?
From the limbo of liminality comes the need for a new paradigm. The epiphany of a newer way to put us in touch with the complexity of the greatest problem of contemporaneity. It’s the epiphany of a paradigm shift that needs to drive out action, thought, behaviour, knowledge and most importantly, creativity.
With HTE Simão Costa walks us through the record on sheets of paper of the interconnectedness of our actions. What we do matters. Here and now. Here, there, everywhere, what we do matters and, despite the complexity, the intangibility of it all, it’s the only way out. There won't be a magical solution. It's on us. We can no longer shy away behind the notion that it’s all far beyond us, that as an hyperobject our current problems are not addressable by us, mere mortals. Quite the contrary, what we do is the only thing that matters. In fact, it's all that matters. Here, there, everywhere.
Again, where's your bike? I know where David Byrne keeps his.
Rui Soares Costa
Lisbon, January 2023
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Versão em Português
Descendo da Zona da Morte - Ou a caminhada da epifania: Para onde vamos agora? Part II
Não podemos resolver os problemas com o
pensamento que usámos quando os criámos.
Albert Einstein
O nosso sistema cognitivo não está preparado para processar grandes números. Podemos compreender unidades, dezenas, centenas, talvez milhares. Mas a forma como processamos e representamos números grandes é significativamente diferente da forma como lidamos com números pequenos. Por exemplo, é muito mais fácil imaginar a diferença entre 2 e 5 do que entre 112 e 115. Provavelmente, podemos visualizar um estádio com 60 000 pessoas, mas isso não significa que o possamos compreender. E um milhão, um bilião ou um trilião? A investigação demonstra que, ao estimar grandes números, as pessoas são bastante precisas ao determinar os tamanhos relativos de números como 2 e 800 milhões, enquanto estimam 980 milhões e 2 mil milhões como quase idênticos. Mas se 1 milhão de segundos equivale a quase 12 dias, 1 bilião de segundos equivale a quase 32 anos.
Os estudos sobre a cognição numérica mostram que, na verdade, processamos muito mal números grandes. Recentemente, a investigação em neurociências começou a abrir caminho para a compreensão das limitações do cérebro quando se lida com grandes números. As pessoas conseguem compreender intuitivamente quantidades até três ou quatro, mais do que isso e necessitam de contar. A compreensão intuitiva é substituída por conceitos abstratos à medida que os números aumentam. Quantidades como milhões ou biliões são processadas mais como categorias do que como números reais. O nosso cérebro está programado para comparar, não para contar.
Epifania: Por um novo paradigma para além do paradoxo da tangibilidade
Quanto maior e mais complexo é um problema, menos tangível se torna. Perder a tangibilidade torna-nos menos preparados para resolver um problema. Perdemos ferramentas intuitivas à medida que um problema ganha abstração, complexidade e camadas.
Podemos olhar para o Antropoceno e para as consequências dos humanos nos sistemas globais do nosso planeta como um desses problemas? Um hiperobjeto para além das capacidades das nossas ferramentas intuitivas? Para além da nossa capacidade de compreensão? É por isso que continuamos a fugir, evitando olhar nos olhos?
Do limbo da liminaridade surge a necessidade de um novo paradigma. A epifania de uma nova forma de nos colocar em contacto com a complexidade do maior problema da contemporaneidade. É a epifania de uma mudança de paradigma que precisa de impulsionar a acção, o pensamento, o comportamento, o conhecimento e, mais importante, a criatividade.
Com HTE Simão Costa faz acompanhar o registo em folhas de papel da interligação das nossas ações. O que fazemos é importante. Aqui e agora. Aqui, ali, em todo o lado, o que fazemos importa e, apesar da complexidade, da intangibilidade de tudo, é a única saída. Não haverá uma solução mágica. Estamos por nossa conta. Não podemos continuar com a noção de que tudo está muito para além de nós, de que, enquanto hiperobjecto, os nossos problemas actuais não podem ser resolvidos por nós, meros mortais. Muito pelo contrário, o que fazemos é a única coisa que importa. Na verdade, é tudo o que importa. Aqui, ali, em todo o lado.
Mais uma vez, onde está a tua bicicleta? Eu sei onde o David Byrne guarda a dele.
Rui Soares Costa
Lisboa, Janeiro 2023