Rui Soares Costa © 2025 | All Rights Reserved
October 27 - October 31, 2021
DRAWING ROOM (external link)
Sociedade Nacional de Belas Artes
Lisbon, PT
home/work/exhibitions/drawingroomlx2021/info/...
LIFELINE SERIES & RISING SERIES
part of the project
Beyond the shadow (external link)
curated by
Ana Matos
at
DRAWING ROOM LISBOA 2021
with
Salgadeiras Gallery (external link)
with:
Beyond he shadow
An opaque body that intercepts a light source produces, on its opposite side, a space of absence, of obscurity, called a shadow. Its size, as we know, varies as a result of the rotation of the Earth and the relative position of the Sun. Based on this elemental observation, Man conceived, in times long past, a fundamental piece to study how and why the size of the shadow changes: the gnomon, of Greek origin, which became the hand of the first sundial that allowed the measuring of time through shadow. Beyond itself, a shadow can also be projected onto another body in such a way that it manages to eclipse the shadow of the latter. This is what happens when the Earth is in the shadow of the Moon or, who knows, when Virgil, climbing the mountain ahead of Dante, sees his shadow fade. That eclipse may last much longer than the seven and a half minutes of the solar eclipse.
Shadow has in itself the idea of movement, of the continued search for the “Truth” that lies beyond what is seen. Whether the shadows in Plato's cave, "What a strange scene you describe and what strange prisoners, they are like us", or the shadows seeking the way to redemption at the entrance to Dante's Hell, "whoever you are, a shadow or a man in truth", or even Borges' “Elogio da Sombra”, “I live among luminous and vague forms that are not quite darkness”. What then lies “beyond the shadow”? The Shadow as a mechanism for measuring time, a stone that thus leaves the trace of its mundane passage in the set of drawings of Carlos Alexandre Rodrigues’ series “Pedras, Montes e Montanhas”. What lies “beyond the shadow”? An absence, an emptiness, implied in the continuous, parallel, uninterrupted lines of the “not there” series by Rui Soares Costa. What lies “beyond the shadow”? Rui Horta Pereira's shapes and contours that are revealed in a play of light, where it seems that there is no shadow because it becomes a new reality. What lies “beyond the shadow”? Perhaps all of this and Rimbaud's idea that “la vraie vie est ailleurs”.
Ana Matos
Lisbon, October 2021
__________
Versão em Português
Beyond the shadow
Um corpo opaco que intercepte uma fonte luminosa produz, no seu lado oposto, um espaço de ausência, de obscuridade a que se denomina sombra, cujo tamanho, bem o sabemos, varia em resultado da rotação da Terra e da posição relativa do Sol. Desta elementar observação, concebeu o Homem, em tempos idos, uma peça fundamental para estudar como e porquê o tamanho da sombra se altera. De origem grega surgiu o gnómon, este que veio a ser o ponteiro do primeiro relógio de sol que permite medir o tempo através da sombra. Além da própria, a sombra também pode ser projectada num outro corpo de tal forma que consegue eclipsar a sombra deste último. Assim sucede quando a Terra fica na sombra da Lua ou, quem sabe, quando Virgílio, subindo a montanha à frente de Dante, vê a sua sombra desvanecer-se, talvez venha a durar bem mais que os sete minutos e meio do eclipse solar.
Sombra tem em si mesmo inerente a ideia de um movimento, de busca continuada da “Verdade” que está para além do que se vê. Sejam as sombras da caverna de Platão, “Que estranha cena descreves e que estranhos prisioneiros, são iguais a nós”, sejam as sombras à entrada do Inferno de Dante procurando o caminho da redenção, “quem quer que sejas, sombra ou homem certo”, seja o “Elogio da Sombra” de Borges, “Vivo entre formas luminosas y vagas que no son aún la tiniebla”. O que estará, então, “beyond the shadow”? A sombra como mecanismo de medição do tempo, uma pedra que deixa, assim, o rasto da sua mundana passagem no conjunto de desenhos de Carlos Alexandre Rodrigues da sua série “Pedras, Montes e Montanhas”. O que estará “beyond the shadow”? Uma ausência, um vazio subentendido nas linhas contínuas, paralelas, sem interrupções da série “not there” de Rui Soares Costa. O que estará “beyond the shadow”? As formas e contornos de Rui Horta Pereira que se vão revelando num jogo de luz, onde parece que não há sombra, porque esta se transforma numa nova realidade. O que estará “beyond the shadow”? Talvez tudo isto, e essa ideia de Rimbaud que “la vraie vie est ailleurs”.
Ana Matos
Lisboa, Outubro 2021