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  May 27 - July 2, 2017

  Palácio da Quinta da Piedade

  Póvoa Santa Iria, PT​



         
Opening
          
May 27
          
4 pm

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WINTER SERIES


          original soundtrack by
          André Gonçalves
(
external link)



Rui Soares Costa holds a degree in Social Psychology, complemented by academic training in social and cognitive neurosciences. Despite this background, he has always harbored a keen interest in Visual Arts, which led him to pursue a Painting Course at Ar.Co in Lisbon. However, it would be a misconception to view these two domains as fundamentally opposing. A glance at the myriad research projects that intersect Science and Technology with Art reveals that they are not as disparate in Rui Soares Costa's worldview as one might think. Rather, they are closely intertwined; as he articulates, both fields serve as avenues for conveying and generating knowledge, albeit with different approaches. Science tends towards a more objective and Cartesian perspective, while Art often delves into the realms of subjectivity and sensation, with philosophical undertones running through both.

Since 2013, Rui Soares Costa's artistic practice has evolved into a systematic and authorship-driven exploration of unconventional materials, such as sugars and varnishes, applied to large plywood panels. These materials, far from classic and elite, challenge the traditional boundaries of artistic media, transforming the works into objects that, if not sculptural, possess a pronounced three-dimensionality and rich textural presence. This approach transcends the conventional notion of Drawing as merely representing an image through lines on a flat surface. Concurrently, he integrates the corporeal dimension and its biorhythmic variations into his art, manifesting as lifelines drawn with a pen or the manipulation of a blowtorch. Thus, the materials, context, and physiological responses become integral to the work and its process, shaping the viewer's interaction with the artwork in a performative exchange.

In this Winter Series, Rui Soares Costa steps outside his comfort zone once more, driven by an experimental curiosity that leads him to examine the impact of fire on wood and the nuances of its combustion. He navigates the delicate boundary between material destruction and the creation of an aesthetic object. The lines and drawings emerge not from conventional tools like pencils or oil pastels, but through the application of fire, which not only generates the lines but also transforms the support itself, becoming a vital part of the artwork. This represents his new "limit zone," where the integration of gesture, context, and experimentation with unconventional drawing tools is interrogated in pursuit of fresh sources of knowledge. For Rui Soares Costa, the production of knowledge remains a constant variable in his work—a determining factor in his ongoing exploration.

Ana Matos
May 2017
Curator and artistic director at Galeria das Salgadeiras​



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Versão em Português


Rui Soares Costa formou-se em Psicologia Social, seguindo posteriormente a sua formação académica em neurociências sociais e cognitivas, tendo, contudo, sempre manifestado interesse pelas Artes Visuais, que o levaram a fazer o Curso de Pintura no Ar.Co, em Lisboa. Não se julgue, porém, que estes dois territórios, estão, por um lado, em campos opostos do pensamento, basta acompanhar os inúmeros projectos de investigação que cruzam Ciência e Tecnologia com a Arte, e, por outro lado, que eles são tão díspares no pensamento e na maneira de Rui Soares Costa compreender o mundo. Estão intimamente relacionados, no sentido em que, como o próprio assume, são formas de transmitir e gerar conhecimento que pode ser, como no caso da Ciência, mais objectivo e cartesiano, ou, como na Arte, mais do campo da subjectividade e das sensações, sendo transversal um certo sentido filosófico.


O trabalho artístico de Rui Soares Costa, iniciado de forma mais sistemática e autoral em 2013, tem-se caracterizado pela exploração das especificidades e, até porventura, das idiossincrasias de materiais menos clássicos e elitistas como açúcares ou vernizes correntes, numa atitude também ela ideológica, aplicados em placas de contraplacado de grandes dimensões. Tornam-se objectos, senão escultóricos, seguramente tridimensionais, com uma forte presença de texturas e que extravasam o dogmatismo do Desenho como a representação de uma imagem através de linhas feitas num plano. Ao mesmo tempo tenta integrar na própria obra artística a presença do corpo e as suas variantes biorítmicas, como seja uma linha da vida desenhada a caneta, ou a manipulação do maçarico. Os materiais, o contexto e o comportamento fisiológico são, assim, partes integrantes da obra e do processo, e reflectem-se na relação que o próprio espectador estabelece com a obra de arte, numa espécie de jogo performativo. 


Com esta
Winter Series, Rui Soares Costa volta a sair de uma certa zona de conforto e a sua curiosidade experimental levou-o a explorar a intervenção do fogo sobre a madeira, as variantes da sua combustão, e essa ténue linha entre a destruição de um material e a criação de um objecto estético. As linhas, o desenho melhor dizendo é feito, não através do seu instrumento mais convencional como o lápis ou o pastel de óleo, mas sim recorrendo ao fogo que, se por um, lado cria as linhas, por outro intervém directamente no suporte, chegando a transformá-lo como parte do objecto. Esta é a sua nova “zona-limite” onde se questionam novas fronteiras de incorporar o gesto, o contexto, a experimentação de outras ferramentas de desenho, numa procura de novas fontes de conhecimento. E na obra de Rui Soares Costa esta é sempre uma variável na equação e um parâmetro determinante nesta experimentação, assumidamente contida: a produção de Conhecimento. 

Ana Matos

Maio 2017
Curadora e diretora artística da Galeria das Salgadeiras